BALAIO DE TUDO - TRISTES FIGURAS - Alberto Oliveira
22/07/2021 - Alberto Oliveira
Os sonhos são alimentos. Do espírito.
O Rei Dom Sebastião que ainda hoje vaga em cavalo branco só visto por alguns alumiados, é um desses personagens que me fascinam. O outro, Dom Quixote. de Cervantes. Um sem se render aos moinhos de vento e o outro que um dia retornará com a espada em uma das mãos. Vou me deter nesses dois personagens. Os moinhos de vento são reais, como também os personagens que escolhi para homenagear.
Encontrei Dom Quixote em solidão
Indo em busca de um doido em pé de serra
O seu pranto caindo sobre a terra
Sancho Pança guardando o alazão
Com a rédea do ginete em sua mão
Era triste a figura ao fim do dia
Só então entendi a poesia
Desespero matando a sua ideia
Não dançar um baião com Dulcinéia
E a tarde caindo em agonia
Viajou desde o solo de Granada
O flamengo deixou, ouviu um fado
Mas queria entender nosso xaxado
O repente. o maxixe e embolada
A zabumba tocando na latada
A sanfona chorando no sertão
Dulcineia voando no rincão
Encontrou o forró estilizado
A tristeza no rosto amargurado
Teve dó do que viu em nosso chão.
Só pensou Dulcineia a dançar
A imagem que vinha ao pensamento
Mãe da lua entendendo o sofrimento
Não cantou solidária a seu penar
Em respeito a tanto viajar
Ensaiou uma prece em seu louvor
Era hora do angelus salvador
Eu também sucumbi à indecência
A Quixote pedi uma clemência
Hoje vago no céu com minha dor...
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