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Agora é Findi - Coluna Semanal com contribuições de Ricardo Braga, Paulo Cunha, Xico Bizerra, Felipe Bezerra, Beto França e Nelson Nunes Farias

13/05/2022 - Ricardo Braga e outros autores

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SEXTARAM com a gente...

O escritor e ambientalista RICARDO BRAGA apresentando seu novo livro “Sangue Doce”.

DE AMBIENTALISTA A ESCRITOR
O biólogo e mestre em Ecologia, Ricardo Braga, refez sua carreira na literatura depois de se aposentar da UFPE e atuar como ambientalista – quando chegou a presidir a CPRH. Lança agora em junho seu terceiro livro “Sangue Doce”.

BOAS HISTÓRIAS
São 25 contos, muitos deles articulados entre si e agrupados em cinco cortinas: afeto, desamor, solidão, incerteza e esperança”. São 164 páginas de boas histórias. A capa é do artista plástico Rodrigo Braga.

MAIS DOIS LIVROS
Nos últimos anos, Braga enveredou pela literatura ficcional com os livros Ecologia do Cotidiano e A Flor Lilás e outros Contos, este, ganhador do Prêmio Nacional Cepe de Literatura, 2017.

LANÇAMENTO
No dia 3 de junho (sexta-feira), às 18h30, acontece o lançamento do livro “Sangue Doce” na Estrada Real do Poço, 62, no Poço da Panela, Recife.



O jornalista PAULO CUNHA falando do CINEMA de Rucker Vieira na biografia que escreveu sobre o cineasta pernambucano.

CINEMA NOVO
O livro “Árida Luz Nordestina: o cinema de Rucker Vieira”, biografia do fotógrafo e cineasta pernambucano, será lançado quarta-feira (25/05), às 18h30, no auditório Dom Helder Câmara, no térreo do Bloco A da Universidade Católica de Pernambuco. A publicação é fruto de uma pesquisa de mais de três anos, e resgata histórias, documentos e fotografias inéditas da trajetória desse cineasta que marcou a estética do Cinema Novo.

DIRETOR E FOTÓGRAFO
Rucker Vieira foi o fotógrafo do documentário Aruanda, de 1960, dirigido por Linduarte Noronha. O curta foi saudado por Glauber Rocha como uma das principais influências estéticas do nascente Cinema Novo. Além do trabalho excepcional como fotógrafo, Rucker também dirigiu vários filmes, entre eles o clássico do documentário A cabra na região semiárida, de 1966.

DE BOM CONSELHO
Ele nasceu em Bom Conselho, no interior de Pernambuco, em 1931. Estudou cinema em São Paulo, filmou e fotografou em diversas localidades da Bahia ao Maranhão, se fixou em Roraima na velhice e morreu no Recife, em 2001. Considerado por muitos críticos como um dos inventores da estética do Cinema Novo, ao lado do parceiro Linduarte Noronha, Rucker Vieira desenvolveu desde o final dos anos 1950 uma fotografia famosa pelo forte contraste e por um modo de ver inconfundível.



O grande XICO BIZERRA, falando da maior saudade desse mundo.

TORTURA SEM IGUAL
Semana passada o meu neto caçula, Leonardo, completou seu primeiro aninho de vida. De todas os efeitos perversos provocadas pela Covid, excetuado o imenso sofrer pelas perdas definitivas, nenhum se compara à impossibilidade da convivência próxima e presencial com os entes queridos. Privar alguém de ver os netos, de acarinhá-los, é uma tortura sem igual.

UMA PENA SER ADULTO
Experimentei isso quando, amainada a pandemia e depois de longo tempo sem vê-los, abracei-os em afago triplicado, confirmei a ventura e a alegria de ser avô. Longe deles, um minuto vira uma década. Ao lado deles o dia passa rápido, a noite se avexa e o dia seguinte é logo ali. Assim mesmo é que as horas se diluem em minutos fugazes e passam sem que a gente perceba que a vida dura segundos apenas ... E o minuto que se foi é um taco de tempo que não volta nunca mais. Quando menos se espera eles crescem e a gente percebe o tempo que perdeu em não ser criança com eles, quando podia. Que pena que a gente fique adulto.

VERSOS PARA LÉO, VINÍCIUS E LEONARDO
Saudade maior que grande
A saudade que avô sente
Que machuca tanto a gente
Não tem remédio que abrande
Ainda que a gente mande
Passear na noite escura
Ela volta, não trás cura
Judiante, dói que só
Não existe dor maior
Que dum neto a lonjura.

PS.
Dia 26.05, 19 horas, na PASSADISCO, lançamento de nosso SABIÁS, JARDINS E ARREBÓIS, juntamente com o FOGO NA PELE, do Grupo CASCABULHO



O advogado FELIPE BEZERRA, fazendo em versos uma comovente peça de acusação.

CHAMAS
Certo dia Jesus voltou à Terra
e calhou de desabar no Recife,
para ver se a esperança aqui habita.

Viu políticos de naipes e esferas,
gastando milhões do contribuinte,
na Convenção do Partido Socialista.

Jesus perambulou pelas favelas,
na Restauração inundada ficou triste,
depois chamas dizimando palafitas.

Lembrou de cicatriz ainda aberta,
recordando de sua singela meninice,
sentia fome e Maria ficava aflita.

Percebeu o que não se enxerga.
Recife e Roma numa só estirpe:
Reis no luxo; Povo na miséria infinita.



O engenheiro BETO FRANÇA, nossa revelação de cronista, em texto com final hilariante sobre artes e custos de uma traição conjugal.

CHIFRE CUSTA CARO
Mauro tinha um sonho: ser chofer de praça. Tirou a carteira na Paraíba e arrumou emprego de ajudante de carro de praça. Mas faltava dinheiro para comprar seu próprio veículo.

FAZENDO ECONOMIAS
Mauro tinha uma certa experiência em mecânica. Já tinha trabalhado na oficina de seu Biu Mago. Com a ajuda do pai comprou um Ford bem antigo para fazer sua independência. Não deu certo. O carro quebrava mais do que cavalo de alfinim. Voltou a trabalhar em pequenos reparos de jipes e rurais na calçada da bodega do pai. Assim, começou ganhar algum dinheiro. Apaixonado por uma bela moça ficou na dúvida: comprar um jipe bom pra botar na praça ou casar. Optou pela felicidade conjugal.

NEGÓCIO PRÓSPERO
Alugou uma casa, transformou garagem e calçada em oficina. A clientela cresceu, para lubrificação e apertos gerais. Nas estradas daquele tempo, qualquer viagem afrouxava o carro. Depois do serviço executado ele dava uma volta no carro para ver se estava bom. Ao volante, aumentava a vontade do seu próprio Jipe. Mas as despesas de casa levavam quase todo o ganho. Carro velho, não servia, só queria novo.

SERVIÇO COMPLETO
Seu Manoel Fragoso, homem bem de vida, tinha uma Rural nova e começou a levar o veículo para Mauro ajustar. Era funcionário público e proprietário rural, tinha as tardes vagas para acompanhar os serviços do veículo. Como se tratava de uma pessoa de fino trato, Mauro fazia questão que seu Manoel esperasse na sua casa, sentado no sofá, tomando suco ou cafezinho. Seu Manoel conheceu a esposa do Mauro e começou a conversa mole de elogios, a senhora é muito linda e coisa e tal. Deu certo. Passou a levar o veículo toda semana para fazer reparos . Na maioria das vezes nem precisava. Mauro gostava do pouco serviço que precisava fazer, mas enrolava no tempo para cobrar mais caro. Seu Manoel, além de pagar sem discutir, sempre mandava testar o carro numa volta cada vez maior. Quanto mais demorado o teste, mais seu Manoel desfrutava da mulher do outro. Virou romance e dos quentes.

BEM EMPREGADO
Para ficar mais à vontade, seu Manoel arrumou um emprego pra Mauro, com um amigo que tinha uma Rural na praça. Logo Mauro, muito satisfeito, começou viajar e deixou o caminho livre para seu Manoel Fragoso. Quando o rapaz viajava, seu Mané, como o chamavam, colocava a Rural na calçada para simular um serviço e se divertia com o mulher do outro na própria cama do casal. Um bregueço desses não se esconde por muito tempo. A vizinhança comentava o caso. Júlio, casado com a irmã mais velha de Mauro, resolveu contar ao cunhado os rumores do chifre que já estavam na rua.

PEGA NO FLAGRA
Lógico que não acreditou. Mas a dúvida é cruel. Armou uma viagem de mentira para pegar os pombinhos no flagra.
Quando Mauro bateu na porta da frente, o urso vestiu-se às pressas e correu pelo quintal para pular o muro que dava para a outra rua. Homem de estatura mediana teve dificuldade em escalar o muro. A esposa achando que ele já tinha sumido, abriu a porta da frente. Mauro entrou correndo com a faca na mão. Conseguiu pegar na calça de seu Mané e puxou o homem para o chão. A desgraça estava armada.

AQUI FAZ, AQUI PAGA
Morrendo de medo, seu Mané, bem casado, pai de seis filhos, dono de muitos bois e grande colheita de algodão, resolveu negociar com o, digamos, sócio de cama. Apelou: Me solte que compro um jipe para você. Se pensava resolver fácil assim, engano.
O duelo que se seguiu foi para lavar a honra. Mauro faiscou:
- Tá pensando o que, cabra safado?
- Tôu pensando em lhe dar um jipe, amigo Mauro.
- Um jipe? Tá doido? (Pausa para respirar). De que ano é o jipe ?
- É um 54. Em bom estado.
- Negativo. Vai morrer.
A negociação prosseguiu e Mauro só soltou seu Mané quando o ano do jipe chegou para um 64. Nesses termos, lavrou-se o armistício.
Por isso, o povo diz: conversando a gente resolve tudo. Até chifre.



O Rei da Glosa, NELSON NUNES FARIAS, zero km, glosando uma foto ao acaso.

É na rua da Saudade
A cena de solidão
Olhando para esta foto
Me corta o coração
A tristeza desse homem
Que ninguém dá atenção
A esperança já morreu
Sem Deus lhe dar a benção

FOTO: Jorge Filó

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