A deputada federal Marília Arraes (PT-PE), que ocupa a 2ª secretaria da Mesa da Câmara, colocou o presidente Jair Bolsonaro numa saia justa hoje, durante ato de entrega da medalha do mérito legislativo a autoridades diversas. O presidente foi um dos agraciados, ao lado do ministro de Relações Exteriores, Carlos França, o fotógrafo Sebastião Salgado, o educador Paulo Freire e o Papa Francisco.

DISTORÇÃO
Valendo-se do seu poder no cargo, já que a 2a secretaria é, tradicionalmente, a responsável pela condecoração, Marília discursou dizendo que a medalha foi criada em reconhecimento a personalidades que prestaram serviços relevantes para o Brasil, mas que o termo “povo” costuma ser distorcido e “nem sempre quem se intitula representante do povo, age em nome deste, como se espera em uma democracia”.

SECTARISMO
“Como sabemos, o Executivo, eleito de maneira majoritária, também deveria se comportar como representante do povo. Mas muitas vezes age antidemocraticamente quando animado pelo espírito sectário, tachando como inimigos e excluindo os divergentes da entidade unitária e mítica da qual julgam fazer parte aqueles que não se conhecem de seu cercadinho mental”, frisou ela, em referência ao presidente – embora sem citá-lo nominalmente. Marília também citou estudo da organização internacional Idea, que ao avaliar 150 países ressaltou que o Brasil registrou “o maior declínio democrático ao longo de 2020”.

FAROL
Já Bolsonaro, ouviu desde gritos de “genocida” a chamadas de “mito” e afirmou que era uma “satisfação” voltar à Casa que já integrou para ser homenageado. “Só podemos pensar num Brasil melhor a partir do momento em que estivermos perfeitamente sintonizados. É dessa forma que se constrói uma grande nação”, destacou. Visivelmente constrangido, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), disse que em meio à tempestade sem precedentes (que foi a pandemia) o parlamento brasileiro permaneceu “firme como um farol, iluminando o caminho seguro a ser seguido por esta grande nação”.