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26/10/1821 - O DIA EM QUE PERNAMBUCO CONHECEU A DEMOCRACIA - Josemir Camilo*

26/10/2021 - Josemir Camilo

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Pernambuco encontrou os caminhos da “democracia”, palavra até então maldita, porque lançada em 1817 pelos republicanos. Para os conservadores e repressores tinha sentido de anarquia, algo no sentido de cada um agora é seu próprio rei, aonde vamos parar etc. Também democracia, dadas as conveniências do regime de então (até hoje, somos obrigados a ir votar – e é democracia!).

ELEIÇAO PERNAMBUCANA

Dava-se, na catedral de Olinda, a então capital pernambucana a eleição de uma Junta de pernambucanos, até com patrícios lusitanos que optaram pela constitucionalidade.
Naquele mesmo mês, Pernambuco tinha assistido a uma série de rodadas democráticas, se assim podemos chamar, que foi a Convenção de Beberibe, de 5 a 9 de outubro. Três grupos, sendo dois beligerantes e uma delegação pacificadora paraibana, se sentaram à mesa, dia a dia, com rodadas de cartas de intenção. Fim das rodadas, o general Luiz do Rego Barreto reconheceu que havia perdido o combate político e a guerra civil, e ficou apenas no poder aguardando ordens da Assembleia Constituinte portuguesa para regressar com tropa a Portugal.

PRIMEIFA ELEIÇÃO

Enquanto isto, os pernambucanos se preparavam para assistir a primeira eleição para uma junta de fato de “patriotas”. Pelo menos quatro deles vieram de 1817, principalmente o que se tornou presidente, Gervásio Pires Ferreira.
Engana-se quem pensa que foi Luiz do Rego que indicou Beberibe para o Tratado de Paz na província e quem deu as diretrizes para as rodadas de negociação. Desde a campanha bélica do Governo de Goiana, acampado no engenho Fragoso, em 23 de setembro de 1821, que as cláusulas da intimação a Luiz do Rego já estavam dadas.

QUEM DEU AS ORDENS

Ali, o Governo de Goiana oficiou às câmaras das vilas que tinham aderido ao governo liberal que seria instalado o Governo Provisório Constitucional na capital da Província, Olinda. Este seria eleito por três representantes de cada Câmara e seria embarcado o General da Divisão de Pernambuco, Luiz do Rego (“Vossa Excelência embarcará no prazo de quarenta e oito horas”) e o batalhão do Exército de Portugal, para se consolidar a paz. Olinda será comandada pelas tropas liberais até que se complete a eleição e depois do juramento cessará imediatamente a existência deste Governo (de Goiana). A tropa liberal acompanhará o Governo instalado.

MANOBRAS PARA PROTELAR

O Governo de Goiana solicitara, antes, à Câmara da única cidade pernambucana, Olinda que, para efeito de se instalar o Governo eleito, mandasse ao quartel das tropas liberais três pessoas como fiança para o cumprimento dessas deliberações, que eram o desembargador Antero José de Maia, o Coronel Bento José da Costa e o vereador mais velho da Cidade de Olinda, João Xavier Carneiro da Cunha. Tudo isto em 23 de setembro.
Depois da Convenção, chegaram as ordens de Lisboa para a eleição que atrasou devido às tropas de Luiz do Rego estarem controlando Olinda e prendendo suspeitos de liberalismo. Até que enfim a data foi o dia 26 de outubro para eleger-se o Governo Provincial na conformidade do Governo da Monarquia.

COMO FOI

Dispostas assim todas as medidas, reuniram-se na Catedral de Olinda todos os representantes das Câmaras da Província e elegeram o Governo Constitucional Provisório, saindo presidente Gervásio Pires Ferreira. Os demais membros foram: Bento José da Costa, Antonio José Victoriano Borges da Fonseca e Felipe Nery (estes, de 1817) e mais Manoel Inácio de Carvalho, Joaquim José de Miranda, Laurentino Antônio Moreira de Carvalho, este como secretário. No dia seguinte, chegou a Olinda o Governo Temporário de Goiana, acompanhado de toda a tropa da praça e, na Catedral, deu a posse ao Governo eleito. A Junta de Gervásio Pires não era, de todo, composta de civis; havia um militar e um padre, e até um português, Bento José da Costa, todos da elite do Recife.

E COMO ACABOU

A Junta de Gervásio Pires Ferreira deu nova dinâmica nas obras, na educação e na justiça da província, até meados de 1822, quando foi derrubada por emissários da Corte do Rio, o que já sinalizava os caminhos da Independência. Começara reformas como a do prédio da alfândega, fiscalização das obras de canalização do Beberibe, conserto da ponte do Recife destruída no cerco. Até esse momento, o líder da campanha de Goiana, Felippe Menna parecia estar ao lado de Gervásio Pires Ferreira, bem como Frei Caneca. Sua queda está ligada não só a interesses internos, como, também, a Gervásio Pires não ter compreendido o momento da política de José Bonifácio e do Príncipe Regente.

* Historiador

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