ACADEMIA PARAIBANA DE LETRAS CELEBRA 80 ANOS EM PARCERIA COM A FUNDAJ
15/09/2021 - Equipe O Poder
A estátua do poeta Augusto dos Anjos (1884—1914) guarda o jardim dos números 25 e 37 da Avenida Duque de Caxias, no Centro Histórico de João Pessoa. Nos imóveis irmãos está sediada a Academia Paraibana de Letras (APL), a mais jovem arcádia dentre os estados brasileiros. Natural de Sapé, a 42 km da capital, o “poeta da morte” é um dos paraibanos imensos da literatura nacional e patrono da cadeira nº 1 da casa que completou, ontem, 80 anos de existência. Oito décadas de valorização à Quinta Arte. O marco será comemorado em parceria com a Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), nos dias 23 e 24 de setembro, no circuito de conferências “Celebração da Memória Cultural”, transmitido no canal da Fundaj, no YouTube.
NOMES ILUSTRES
Fundada em 14 de setembro 1941, a Casa de Coriolano de Medeiros já teve suas cadeiras ocupadas por nomes ilustres como o dramaturgo Ariano Suassuna (1927—2014), o ex-governador da Paraíba Tarcísio Burity (1938—2003) e o jornalista José Nêumanne Pinto, ganhador do Prêmio Esso de Jornalismo Econômico, em 1976. “A relação entre Pernambuco, onde está sediada a Fundação, e a Paraíba não é recente. Para além dos episódios históricos que partilhamos, se evocarmos a literatura, é sabido que fomos o solo firme para nomes e gerações que vão de Augusto dos Anjos até Ariano Suassuna. Por isso, trazemos um sentimento familiar com essa parceria. Sentimos que estamos em casa”, disse o presidente da Fundaj, Antônio Campos.
PAPEL DAS ACADEMIAS
Para o diretor de Memória, Educação, Cultura e Arte (Dimeca), da Fundaj, Mario Helio, a responsabilidade das academias está além da seleção de seus acadêmicos. “Elas têm uma aura e um simbolismo que as fazem desejáveis menos por causa da imortalidade, que desde a antiguidade é uma esperança dos poetas e dos religiosos, e mais pela consciência de pertencimento. Seja um médico, um jornalista, um historiador ou qualquer outra profissão, o reconhecimento obtido ao integrar uma academia é o da eleição para convívio em torno das boas ideias transformadas em livros e ações de alto interesse coletivo”, reflete.
HISTÓRIA
Primeira mulher a presidir a APL, Ángela Bezerra de Castro recorda os momentos históricos em que esteve presente junto à entidade. Como a posse de Ariano à cadeira nº 35, no Teatro Santa Roza. Admiradora e amiga, ela acompanhou o escritor de mãos dadas durante sua entrada na solenidade. Amizade que surgiu da paixão dos dois pelo poeta lusitano Luís de Camões e que ficaria eternizada na obra póstuma do paraibano, "A Ilumiara: Romance de Dom Pantero no Palco dos Pecadores" (Nova Fronteira, 2017).
Professora por vocação desde os 19 anos, Ângela também narra sua
vida permeada pelas letras e o ensino. Como a participação na Campanha de Educação Popular da Paraíba, em 1962, um marco do ensino de jovens e adultos inspirado no Método Paulo Freire. Não por acaso, se autodenomina uma batalhadora pelo ensino da leitura. O que a fez crítica literária. Hoje é a primeira mulher a assumir a APL. “Um acontecimento histórico, sem dúvida”, assinala. Das 40 cadeiras, apenas cinco estão ocupadas por mulheres.
PROGRAMAÇÃO
As comemorações pelos 80 anos da APL vão transcorrer nos próximos dias 23 e 24 de setembro.
Na edição de sexta-feira próxima O PODER PARAÍBA vai trazer outros depoimentos e a marcante programação do evento.
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